07/11/2012

Em discurso da vitória, Barack Obama promete diálogo com republicanos


O presidente reeleito afirmou que vai se reunir com o candidato republicano Mitt Romney e com líderes dos dois partidos para "encarar desafios que só podem ser resolvidos com todos juntos"


O presidente reeleito dos Estados Unidos, Barack Obama, faz o discurso da vitória em Chicago (Foto: M. Spencer Green/AP)Um Barack Obama empolgado apareceu às 0h35 de Chicago (4h35 em Brasília) no palco do salão principal do McCormick Place para fazer seu discurso após ser reeleito presidente dos Estados Unidos. Os cerca de 10 mil espectadores viram Obama concentrar por boa parte de sua fala na negociação com os republicanos. A falta de diálogo bipartidário foi uma das principais críticas a Obama durante a campanha. Ele parabenizou o adversário Mitt Romney pela disputa e disse: "Nas próximas semanas, estou planejando sentar-me com o governador Romney para falar sobre onde podemos trabalhar juntos para mover este país adiante."

Um pouco depois, Obama retomou o tema e foi ousado em afirmar que pretende atacar vários problemas que ficaram de seu primeiro mandato. "Nas semanas e meses adiante, quero me encontrar e trabalhar com líderes de ambos os partidos para "encarar desafios que só podem ser resolvidos com todos juntos: reduzir o déficit, reformar nosso sistema tributário, arrumar o sistema imigratório, nos livrarmos do (nível de dependência) do petróleo comprado do exterior. Temos mais trabalho a fazer."
O bipartidarismo também esteve implícito quando Obama citou os trabalhos de auxílio aos atingidos pelo furacão Sandy, que passou pela Costa Leste dos EUA faltando uma semana para as eleições: "Eu vi isso (espírito cooperativo) nas costas de Nova Jersey e Nova York, onde líderes de todos os partidos e níveis de governo deixaram de lado suas diferenças para ajudar as comunidades a começar a reconstrução a partir dos destroços dessa terrível tempestade". Embora não tenha citado, Obama deixou nas entrelinhas a parceria que manteve com o republicano Chris Christie, governador de Nova Jersey, na ajuda às vítimas do Sandy. Muitos analistas dizem que essa inesperada sintonia entre os dois prejudicou a campanha de Mitt Romney, que batia justamente na falta de aceno de Obama com os republicanos.
No fim do discurso, Obama fez uma espécie de reflexão sobre o slogan da "esperança" que guiou sua candidatura em 2008. "Estou mais esperançoso com os EUA hoje. E não estou falando do otimismo cego, do tipo de esperança que simplesmente ignora a enormidade das tarefas à frente ou dos obstáculos que ficam em nosso caminho". Uma autocrítica em relação a algumas promessas de quatro anos atrás que ficaram no passado, como fechar a prisão de Guantánamo no prazo de um ano? O discurso mostra um Obama determinado, porém mais realista e ciente de que não é um super-homem capaz de fazer tudo sozinho - ainda mais porque continuará governando com uma Câmara de maioria republicana, mantida nestas eleições. O único momento em que ele cutucou suavemente os republicanos foi quase no fim, quando disse que acredita no princípio de que vale o trabalho duro, não importando de onde vem a pessoa e quem ela é: "se é negra ou branca, hispânica ou asiática ou indígena ou jovem ou velha ou rica ou pobre, deficiente ou não, gay ou heterossexual".
De Chicago parece sair um Obama menos "sim, nós podemos" e mais "sim, podemos, mas não sozinhos". 
Barack Obama discursa em Chicago. O presidente americano foi reeleito na terça-feira (6) (Foto: Chris Carlson/AP)
Revista Época

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