08/11/2012

Liga Operária Católica declara apoio à greve geral de 14 de novembro


Movimentos cristãos de Portugal e Espanha justificam adesão com argumentos baseados na doutrina social da Igreja

D.R.
Lisboa, 08 nov 2012 (Ecclesia) – A Liga Operária Católica declarou o apoio à greve geral de 14 de novembro convocada pela central sindical CGTP-IN, justificando a adesão com argumentos baseados na doutrina social da Igreja.
Os movimentos operários cristãos de Espanha e Portugal “louvam” a “jornada de ação e solidariedade” convocada pela Confederação Europeia de Sindicatos para quarta-feira, refere um comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA.
A iniciativa vai adotar a forma de greves, manifestações, concentrações e outras ações, explica a nota, que denuncia o “ataque profundo aos direitos sociais e à proteção das pessoas e famílias trabalhadoras” nos países do sul da Europa, “com a desculpa de dar prioridade à redução do défice e ao pagamento da dívida”.
A política europeia “declarou como prioridade a salvação do sistema financeiro e dos bancos, em vez de resgatar as pessoas”, refere o texto assinado pela Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos, Juventude Operária Católica (ambos de Portugal), Hermandad Obrera de Acción Católica, Acción Católica Obrera, Juventud Obrera Cristiana, de Espanha, e Movimento de Trabalhadores Cristãos da Europa.
“Os nossos governos são súbditos da situação financeira e a única saída que nos oferecem são políticas de cortes, que diminuem claramente os direitos dos trabalhadores”, que com os “mais débeis” “são sempre os que mais perdem, mesmo nas negociações em concertação social. 
O documento recorda que “as necessidades dos pobres devem ter preferência sobre os desejos dos ricos” e “os direitos dos trabalhadores, sobre o aumento dos benefícios”, como afirmou o Papa João Paulo II.
Os signatários realçam que “uma das terríveis consequências” causadas pela “regressão social” em curso é o “sentimento geral de medo” que pretende “condicionar as expetativas e os projetos pessoais e familiares”.
O comunicado menciona o receio “de perder o emprego, que faz aceitar todo o tipo de precariedade”, bem como “o medo das retaliações por participar em ações de protesto” e “apoiar uma convocatória de greve”.
O texto lembra as palavras dos bispos que participaram no Sínodo sobre a Nova Evangelização, realizado em outubro no Vaticano, que apelaram à erradicação das condições que transformam o trabalho “num peso insuportável com uma perspetiva incerta, ameaçada pelo desemprego, especialmente entre os jovens”.
A mensagem assinala também um excerto do Catecismo da Igreja Católica, publicado há 20 anos, onde se lê que a regulamentação da economia “só pela lei do mercado vai contra a justiça social, pois há muitas necessidades humanas que não podem ser atendidas pelo mercado”.
Os organismos laborais católicos consideram que a política “esqueceu o sentido da justiça e de um trabalho em defesa da fraternidade e do bem comum”, pelo que o primeiro passo para tentar inverter o conflito é o “diálogo”.
Quando a negociação se torna impossível, lembra o comunicado, “a própria Igreja reconhece a legitimidade do recurso ‘à greve não violenta, quando se apresenta como instrumento necessário, com vista a um melhoramento proporcionado e tendo em conta o bem comum’”, como aponta o Catecismo.
declaração conjunta inclui um pedido a “sindicatos, empresários, entidades financeiras e aos demais intervenientes" para que "atuem com responsabilidade perante a gravidade da situação atual”.
RJM

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