06/11/2012

Seminário de Comunicação discutiu Vida Religiosa

 Rosinha Martins
Mudanças socioculturais e os desafios da Igreja e a Vida Religiosa. Este foi o tema assessorado, na manhã da quinta, 1 de novembro, pela professora da PUC de Campinas e doutora em Ciências Sociais e Ciências da Religião, Brenda Carranza, no Seminário de Comunicação para a Vida Religiosa que aconteceu em São Paulo, na Faculdade Paulina de Tecnologia e Comunicação (FAPCOM).
Novas Tecnologias, Novas Relações na Vida Consagrada foi o tema do Seminário de Comunicação para a Vida Religiosa que aconteceu em São Paulo de 1 a 4 de novembro na Faculdade Paulina de Tecnologia e Comunicação (FAPCOM).
"Provocar para crescer é entender que mudanças acontecem, mesmo quando a tradição pede para prosseguir com as faltas e os acertos. As mudanças tecnológicas fazem-se notórias e perceptíveis aos meios religiosos, talvez seja uma alerta para mudanças necessárias para reavivar o sentido cristão no mundo de avanços tecnológicos", disse a assessora.
De acordo com a assessora Brenda Carranza, a Vida Religiosa do século XXI se depara com profundas mudanças entre indivíduos, sociedade e novas plataformas de comunicação. Entre os religiosos muito se discute sobre o decréscimo das vocações, as crises na Vida Religiosa e o desinteresse dos jovens aos ritos católicos. A socióloga desafia às questões para o esclarecimento entre a Igreja, as novas tecnológicas e as mudanças socioculturais.
Brenda Carranza retrata sobre "Comunicação e Mudanças Socioculturais" e lança quatro perguntas aos participantes a respeito de como a Igreja deve pensar as mudanças tecnológicas e suas respectivas relações interativas e a utilização dos novos meios digitais. O que é possível ver? Sobre o que se vê, o que incomoda? O que está por vir? Quais desafios são perceptivos? Em prévia pode-se constatar o despreparo humano eclesial e alguns reparos falidos para a nova organização sociocultural.
A mudança tecnocientífica propõe mudar a lógica tradicional familiar, econômica, social, psíquica e a concepção religiosa de cada ser humano. A Igreja na era da tecnociência quer se posicionar e se envolver para evangelizar com eficácia e profundidade. Pois a neocivilização "transforma a sociedade diariamente, como também altera a ideia de Deus e a relação que cada indivíduo estabelece com ele e as religiões" afirma Brenda Carranza. Contra a ideia de ateísmo das massas, para ela é notável a existência de grande número de pessoas que buscam relações com o transcendente, mas criam nos seus moldes maneiras próprias de se relacionar, sem a necessidade de um seguimento tradicional.
O poder do click -"Descartes disse: penso logo existo, isso num tipo de racionalidade. Hoje dizemos: Posto: logo existo", ressalta Brenda. Porque, para existir, segundo ela, o indivíduo precisa evidenciar-se no tempo e no espaço presente e em seguida ser pontuado com o click ou não. Fato que traz a ideia da superficialidade e aceitação. As novas lógicas culturais trazem também novas formas de relacionamentos divergindo de todas as outras que foram criadas e pensadas na década de 60. Neste momento a junção entre imagem, som e conteúdos nutrem o intelecto e imaginação de todos os indivíduos que se sentem satisfeitos e realizados quando entram em contato com as mídias.
Segundo a socióloga, a junção interativa de elementos midiáticos fez-se próxima das pessoas através dos meios atuais e sofrem alterações por parte dos indivíduos, seja na construção do conhecimento coletivo, no aprimoramento de softwares, ou no feedback das redes sociais. Para muitos as redes se tonaram simples e ineficazes meios, mas na realidade muitas mudanças foram conquistadas através das redes sociais, como é o caso do movimento yo soy 132 (movimento estudantil no México em favor do voto consciente). "É um exemplo nítido de mudanças difundidas através dos meios tecnocientíficos para mudanças na sociedade" recorda Brenda.
Desafios - Para Brenda, o mundo dos hardwares e suas complexas funções trazem para a sociedade a complexidade de compreender desde o seu uso a sua manutenção. Manejar e utilizar estes equipamentos pela Igreja é um desafio. Em seguida, observa-se que os domínios dos hardwares estão centralizados em pequenas áreas e centros de informação. Porém, "nas periferias tendências empreendedora são a abertura de: salões de beleza, igrejas neopentecostais e lan-houses". Cada fenômeno com uma função específica a) os novos meios salientam nas pessoas a ideia do belo e a estabilidade aparente; b) a teologia da prosperidade e as promessas milagrosas, c) o poder da interação e a visão do indivíduo como aquele que participa da construção da opinião coletiva.
As novas concepções hierárquicas também modificam o relacionamento das classes, pois "as novas gerações trazem o poder da informação antecipada e diante de algum erro, seja do professor, do padre ou do político a criança ou o adolescente tem a resposta correta obtida através dos sites de pesquisa". Os dedos decidem o que acessar e qual conteúdo seguir.
A nova cultura apresenta o e a interação consumo imbuídos na tríade: comunicação, Informação e conhecimento. Sua simplicidade encanta porque utiliza aquilo que a religião, durante séculos, utilizou para difundir o transcendente, visto que dá sentido ao uso dos objetos e descreve a realidade simbolicamente. A produção de sentido é arma ais usada, por isso concorre diretamente não só com a religião, mas também com a política e a escola de forma clara, criativa e concatenada.
Técnicas do espetáculo - "Como unir convicções profundas com técnicas de marketing e espetáculo? Como deixar e modificar anos de história e tradição para compor uma nova realidade interativa?" Tais perguntas foram suscitadas no intuito de alertar que a realidade transpassa o tradicional, sem deixar de ressaltar que existe uma busca pelo transcendente por todos, mas de outra forma, talvez com maior criatividade e entusiasmo enfrentando o os grandes impactos das novas técnicas de mídia.
A assessora encerrou sua fala com o vídeo de Eduardo Galeano que reflete sobre a utopia em tempos de novas tecnologias, em tempos de mudança: "Que tal se delirarmos por um tempinho? Que acham se fixarmos nossos olhos mais além da infâmia? Para imaginar outro mundo possível? O ar estará limpo de todo veneno que não venha dos medos humanos e das humanas paixões. As pessoas não serão dirigidas pelos automóveis os automóveis serão esmagados pelos cães e os homens não serão programados pelo computador nem serão comprados pelos supermercados... e a TV deixará de ser um membro mais importante da família..." Eduardo Galeano - El Derecho al Delírio
Fonte: Rosinha Martins / Revista Missões

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