07/04/2013

Fantasma da guerra regressa a Moçambique

MUNDO
Confrontos fazem quatro mortos no centro do país

Texto Francisco Pedro | Foto Lusa | 06/04/2013 | 08:18
Centenas de pessoas estão a abandonar as suas casas, em Muxunguè, depois de um ataque a um comando da polícia, por elementos da Renamo, principal partido da oposição e antigo movimento rebelde. Morreram quatro militares
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O clima de tensão e o receio do regresso à guerra civil está de volta a Moçambique. Os confrontos entre as forças policiais do governo e os militantes da Renamo já provocaram quatro mortos e dezenas de feridos em Muxunguè, a norte do rio Save, e a população começou a abandonar as suas casas com receio de novos ataques. É mais um sinal do agravamento das relações entre o governo da Frelimo e o seu principal opositor, à medida que se aproximam as eleições. 

Segundo o relato de um missionário que trabalha na região, os militantes da Renamo estavam reunidos na sede do partido, em Muxunguè, há várias semanas. Como o edifício fica perto do posto administrativo e de uma escola e os participantes faziam todas as manhãs uma formação militar, os moradores começaram a revelar alguma preocupação. No início da semana, foi enviado um contigente da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) para reforçar a polícia local e deu-se um ataque à base da Renamo. Duas casas foram incendiadas e pelo menos 15 militantes foram presos. 

Na resposta, o grupo da oposição atacou o posto policial, na quinta-feira de madrugada. Quatro militares morreram e dezenas ficaram feridos, alguns com gravidade. Alarmados, muitos dos moradores, sobretudo mulheres com filhos, começaram a deixar Muxunguè, distrito de Chibabava, província de Sofala. «Estão todos com medo porque se fala na chegada de mais reforços da Renamo», refere o sacerdote, adiantando que se fala entre a população «que vão incendiar» a localidade. 

As autoridades justificaram o ataque alegando que o partido oposicionista tinha concentrado perto de duas centenas de «homens armados», que estariam a efetuar «manobras militares». Manuel Bissopo, secretário-geral da Renamo desmentiu as acusações, afirmando que o facto dos antigos guerrilheiros estarem concentrados não significa que o partido está a criar bases. Independentemente das fundamentações, o certo é que «o medo do fantasma da guerra continua a estar vivo», afirma o missionário.

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