Gabriel Ivan nasceu no Porto Velho, Rondônia, e achava que a sua vida
profissional passaria pela educação física, disciplina que cursou até ao
quinto ano, altura em que percebeu “que não seria feliz”. Foi aí que
decidiu fazer de uma brincadeira, que começou aos 15 anos, quando a mãe
lhe ofereceu uma câmera boliviana, a sua verdadeira forma de vida. Hoje é
fotógrafo profissional e autor de um dos registros mais intensos das
etnias indígenas do sul do Amazonas.
A história de Gabriel na rodovia Transamazônica começa com o caso que
abalou a região no final de 2013 e início deste ano. Cinco índios da
etnia Tenharim foram acusados do assassinato de três homens
não-indígenas desaparecidos no local, alegadamente por vingança pela
morte do cacique Ivan Tenharim. No entanto, a tensão na região não é
nova e vem desde a construção da rodovia, proclamada como um sinal de
progresso do Brasil na década de 70, e que atravessa a terra habitada
pelo povo Tenharim.
A ferida aberta nessa época jamais foi sarada e a recente morte dos três
homens, quando atravessavam a reserva Tenharim na Transamazônica,
reacendeu o rastilho. Os ataques aos indígenas se sucederam, com casas
destruídas e famílias obrigadas a procurar refúgio fora das suas terras.
A convite da Mídia Ninja, Gabriel Ivan fez quatro viagens até Humaitá,
que resultaram em um contato direto com as pessoas e com “a diversidade
presente na região: todos os costumes, as crenças e as múltiplas
habilidades dos indígenas”. O Hypeness foi falar com ele sobre o
projeto, a vida destes povos e os desafios que eles enfrentam. Venha
conhecer “A Última Trincheira”.
Hypeness (H) – Qual foi o maior desafio de fotografar no sul do Amazonas?
Gabriel Ivan (GI) – O maior desafio na região foi a resistência
da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que transitava e se fazia presente
em todos os pontos da Transamazônica, por conta das investigações
realizadas naquele momento. Não tive nenhum problema em fotografar
dentro das aldeias, pelo contrário, fui sempre muito bem recebido em
todas pelas quais transitei. Chegamos a dormir, tomar banho e se
alimentar em algumas delas, especialmente as aldeias dos Tenharim
Marmelo e Trairí.
(H) – A ideia era retratar a realidade em que os Tenharim vivem, para lá do conflito?
(GI) – Sim, eu busquei a todo o instante retratar o cotidiano no
qual eles vivem, porém o clima naquele momento era outro, diria
diferente. Muitos ainda sofriam com o trauma das invasões (especialmente
as crianças), alguns ainda estavam doentes ou machucadas, por conta de
terem se jogado na floresta no momento dos ataques. Eu precisava
retratar isso, mas tinha consciência de que deveria existir uma linha
tênue neste processo. Os Tenharim são uma etnia extremamente sorridente,
alegre e simpática, e eu também tinha obrigação de transpor isso,
independente do momento ali vivido.
O meu maior objetivo em fotografar essas duas etnias era a ânsia de
poder retratar uma das culturas mais lindas e exóticas que existe em
nosso país e que, na maioria das vezes, não é vista ou exposta. Existe
um Brasil profundo nas bordas dessa imensidão – as aldeias no sul do
Amazonas são uma confirmação disso.
(H) – O que mais o impressiona nesse Brasil profundo?
(GI) – Sem sombra de dúvidas, a diversidade, todos os costumes, crenças e as múltiplas habilidades dos indígenas.
(H) – Como gostaria que essas pessoas fossem vistas?
(GI) – Gostaria que elas fossem respeitadas de fato como
pioneiras, como ‘pastoras’ daquela terra. Todas as etnias existentes no
sul do Amazonas resistem, ano após ano, ao avanço dos madeireiros e dos
fazendeiros. A última trincheira resiste com braveza. O Governo
Brasileiro deve olhar com mais carinho para eles.
(H) – De que forma você encara o conflito e a cultura anti-indígena que se vive na região? Sentiu isso nas viagens para Humaitá?
(GI) – O conflito foi o estouro de uma bomba-relógio. Podemos
dizer que o estouro dessa bomba era uma questão de tempo. Não é de hoje
que homens brancos ameaçam e desrespeitam os índios na região. Após
alguns diálogos com eles, descobri que isso já se estende por mais de 6
anos, desde o início da tão questionável ‘compensação’ (ou,
simplesmente, pedágio) imposta pelos índios na Transamazônica. A cultura
anti-indígena não existe somente no Amazonas, e sim em todo o País,
infelizmente. Como exemplo, podemos assinalar os índios maranhenses e os
índios de Mato Grosso, etnias que lutam e resistem até hoje por
imposições do governo, do povo e da má formação de história cultural
brasileira que hoje temos nas escolas e em nossos lares.
(H) – Como se deu o contato com a outra etnia que fotografou, os índios Pirahã?
(GI) – Foi curiosa a forma como nos cruzamos com os índios
Pirahã. Estávamos na nossa última viagem para as aldeias Tenharim na
Transamazônica – viajávamos sempre de Porto Velho para Humaitá,
dormíamos na cidade e, sempre pela manhã, seguíamos para as aldeias.
Nesta última ida, encontramos no meio do caminho um grupo de índios
Pirahã por baixo de uma ponte. Tivemos a sorte de, nessa ocasião em
especial, estarmos sendo conduzidos por um motorista que era ex
funcionário da Funai [Fundação Nacional do Índio] na cidade, então o
diálogo e o contato foi imediato e articulado pelo mesmo. Tivemos um
contato super rápido com os Pirahã, nada mais do que em torno de 20
minutos, sendo que os primeiros 10 minutos foram de conhecimento,
familiarização e estranhamento (de ambas as partes). Eu empunhava a
câmera no ombro, mas até então não a tinha sacado ou registrado qualquer
imagem. Só comecei a fotografar a partir do momento que o motorista
assinalou para mim, confirmando que estava liberado. Os Pirahãs disseram
“sim” e eu pude fazer uma das séries fotográficas mais importante e
memoráveis que fiz até hoje.
Nota: em preto e branco, as fotos dos índios Pirahã. A cores, os Tenharim.
Ministra da Cultura, Marta Suplicy, anuncia 500
bolsas para interessados em áreas de humanas.
(Foto: Reprodução/Agência Brasil)
Natalia GodoyDo G1, em Brasília
O Ministério da Cultura anunciou nesta quinta-feira (31) a abertura de
dois editais públicos para oferecer bolsas de estudo no exterior e
patrocinar a participação em eventos culturais organizados fora do país a
cerca de 500 profissionais de diversas áreas que não são atendidas pelo
programa federal Ciência Sem Fronteiras.
Os editais do Conexão Cultura Brasil foram publicados nesta quinta no
"Diário Oficial da União". A iniciativa é uma parceria entre os
ministérios da Cultura, das Relações Exteriores e da Educação.
O governo federal custeará passagem de ida e volta e as diárias, que
somadas chegam a até R$ 30 mil por aluno (para cursos de três meses).
Segundo o Ministério da Cultura, o programa custará R$ 4 milhões aos
cofres públicos. Os candidatos que forem selecionados irão viajar ao
exterior a partir de novembro deste ano.
As áreas contempladas pelo programa são música, teatro, circo, artes
visuais, cinema, animação, games, programação de softwares, literatura,
TV, rádio, moda, design, arquitetura, publicidade, gastronomia,
artesanato, turismo, dentre outras.
De acordo com o Ministério da Cultura, não há um pré-requisito definido
e nem uma idade-limite para concorrer a uma vaga. Para se habilitar às
bolsas de estudo, o interessado deve obter uma pré-aprovação de uma das
universidades credenciadas.
Serão oferecidos cursos e estágios no Instituto Europeu de Design
(Itália e Espanha), Federculture da Itália, Universidade de Bolonha
(Itália), British Council (Reino Unido), Royal Shakespeare Company
(Reino Unido), Barbican Centre (Reino Unido), SouthBank Centre (Reino
Unido), The Global Centre (Reino Unido), BBC Scottish Symponhy (Reino
Unido), Science Museum (Reino Unido) e o Festival de Edimburgo
(Escócia).
De acordo com a ministra da Cultura, Marta Suplicy, não é necessário ter diploma, porém, será exigida experiência prévia na área escolhida.
“O pré-requisito é experiência na área, algumas áreas exigem diploma. O
critério está na mão da universidade. Tem instituição que exige que
saiba a língua e tem instituição que não exige”, explicou a ministra.
Após garantir a autorização da instituição de ensino estrangeira, o
estudante será submetido a uma banca, no Brasil, composta por
representantes de secretarias ligadas ao Ministério da Cultura.
Os interessados em cursos que começarem em dezembro, devem se inscrever
até o dia 1º de outubro. Para cursos de janeiro a março, as inscrições
vão até 7 de novembro.
Quanto aos eventos, serão três os oferecidos: a feira de música WOMEX
2014, em Santiago de Compostela, na Espanha, de 22 a 26 de outubro deste
ano; o festival de artes cênicas Santiago a Mil, no Chile, de 3 a 18 de
janeiro de 2015; e o ARCO Madrid, na Espanha, uma feira de arte
contemporânea que vai de 25 de fevereiro a 1º de março do ano que vem.
Esse edital levará delegações de até 60 empreendedores para participar
dos eventos.
“É dar oportunidade para o jovem brasileiro se qualificar nas artes,
porque hoje, no mundo moderno, as pessoas não querem fazer só advocacia e
medicina, a economia criativa é o século 21”, completou a ministra da
Cultura, Marta Suplicy.
O projeto piloto do programa Cultura Brasil foi o envio de 100
empreendedores culturais para o I Mercado de Indústrias Criativas dos
Países do Mercosul (MICSUL) em Mar Del Plata, Argentina, em maio deste
ano, informou o Ministério da Cultura.
“Bônus por UF”
Para “minimizar desigualdades e promover a descentralização das ações
culturais”, segundo o texto do edital do governo, os projetos das
regiões Norte, Nordeste, de alguns estados do Centro-Oeste e o Espírito
Santo vão receber uma pontuação extra, um chamado “bônus pela unidade
federativa”.
Vão receber 2,5 pontos extras os estados do Norte: Acre, Amapá,
Amazonas, Rondônia, Pará e Roraima; do Nordeste: Alagoas, Maranhão,
Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe; do Centro-Oeste, Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul, além do Espírito Santo.
Ceará, Goiás e Pernambuco recebem 2 pontos; Distrito Federal, Paraná e
Santa Catarina vão ganhar 1,5; Bahia, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, 1
ponto; e projetos dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo 0,5.
Contrapartida
Segundo a ministra Marta Suplicy, vai haver um contrato que obrigue o
bolsista a compartilhar no Brasil o que a pessoa aprendeu no exterior.
Ainda não há definições sobre como vai ser isso, mas o governo é
otimista de que não vai "ter problemas em direcionar" o retorno da
pessoa contemplada pelo curso.
“Quando volta, vai dar uma oficina do que ele aprendeu lá, vai fazer um
show, vai de alguma forma fazer essa contrapartida, porque ele recebeu
do governo brasileiro uma oportunidade extraordinária […] Tem um
contrato né. Ele tem um contrato de ida, de volta e de contrapartida.
Ele tem um contrato que ele vai fazer essa prestação depois que ele
voltar”, afirmou a ministra.
Para se inscrever nos editais, os interessados podem acessar aqui.
Dúvidas podem ser esclarecidas pelos e-mails
culturabrasilintercambios@cultura.gov.br (sobre o intercâmbio) ou
culturabrasilnegocios@cultura.gov.br (sobre os eventos).
As plantas são uma dádiva para a humanidade e a vida animal como um todo, fornecendo o oxigênio necessário para a existência. O problema é que elas não crescem em gravidade zero, o que impede seu uso para reciclagem do ar em viagens espaciais. Agora isso pode deixar de ser um problema com a primeira folha capaz de fazer a fotossíntese criada pela ação humana.
Julian Melchiorri, formado na universidade britânica Royal College of Art, criou uma alternativa à falta de terra, sol e nutrientes que normalmente são necessários para a fotossíntese. Sua criação utiliza cloroplastos (a parte da célula da planta responsável pela fotossíntese) e proteínas de seda para criar algo que parece uma folha visualmente, com a mesma capacidade de produção de oxigênio a partir do dióxido de carbono, água e luz.
O pesquisador pensou nas aplicações para viagens espaciais, que certamente devem ser observadas de perto pela Nasa, mas também pensou em aplicações mais cotidianas, como o fornecimento de ar fresco em um ambiente fechado, por exemplo, usando em uma luminária, por exemplo.
No vídeo abaixo, ele cita a possibilidade de que a fachada de prédios poderiam ser revestidas do material criado por ele para dar uma reciclada no ar da cidade.
Um vídeo publicado nas redes sociais, na última semana, mostra suposto policial militar ensinando a fazer propaganda em benefício de candidato a deputado estadual Capitão Wagner Sousa(PR) através do sistema de som da viatura. O caso está sob investigação naProcuradoria Regional Eleitoralno Ceará (PRE-CE).
Após receber denúncia de que bens da Polícia Militar do Estado (PM) estavam sendo usados em benefício de candidato, o Ministério Público recomendou ao comandante da PM, Lauro Prado, a adoção de providências para coibir a divulgação de qualquer tipo de propaganda partidária com uso de viaturas e equipamentos dos veículos.
No vídeo, um suposto policial aparece ensinando como divulgar jingle de campanha através do sistema de alto-falantes de viaturas. "Pessoal, agora eu vou ensinar a vocês a fazer a propaganda do Capitão Wagner. Você pega a ‘cabeça de bode’ da viatura, pega o celular e coloca o celular na ‘cabeça de bode’ com a música do Capitão Wagner", diz o militar no vídeo antes de fazer a demonstração.
Veja o vídeo:
Regras eleitorais
A conduta do policial pode representar, em tese, segundo o procurador regional eleitoral, Rômulo Conrado, infração à Lei das Eleições que proíbe agentes públicos, servidores ou não, de ceder ou usar bens móveis ou imóveis públicos, em benefício de candidato, partido político ou coligação, ressalvada a realização de convenção partidária. O objetivo da regra é garantir o equilíbrio na disputa eleitoral.
Apesar da propaganda se referir ao candidato Capitão Wagner, conhecido pela atuação junto aos policiais militares, o ministério público ressaltou não haver, no caso do denunciado, indicativo de anuência ou mesmo de conhecimento do candidato em relação à prática ilícita.
Além de solicitar à PM providências para impedir atos semelhantes, a PRE recomentou que sejam identificados os responsáveis por propagandas irregulares e que seja comunicado ao órgão qualquer procedimento disciplinar ilegal para apuração.
O POVO Online tentou contato com o vereador Capitão Wagner e com sua assessoria de imprensa, mas as ligações não foram atendidas até a publicação desta matéria.
Faz um mês nesta terça-feira (29) que um povo indígena isolado estabeleceu o primeiro contato com indígenas da etnia ashaninka e servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai), na Aldeia Simpatia da Terra Indígena Kampa e Isolados do Alto Rio Envira, no Estado do Acre, na região de fronteira do Brasil com o Peru.
Os grupos de índios isolados da região, que entre si se envolvem em conflitos armados, buscam proteção no lado brasileiro porque estão sendo massacrados por narcotraficantes e madeireiros peruanos.
Terra Magazine, em maio de 2008, mostrou ao mundo (veja) as primeiras imagens de um dos grupos de índios isolados que vivem na região, fotografado durante sobrevoo coordenado pelo sertanista José Carlos dos Reis Meirelles Júnior, que chefiava a Frente de Proteção Etnoambiental (FPE) da Funai. Dessa vez, o Blog da Amazônia obteve com exclusividade o vídeo inédito do primeiro contato, fotos e o relatório de campo da equipe da Funai.
Há mais de dois anos a FPE foi invadida por peruanos, os servidores da Funai bateram em retirada e desde então foi abandonada pelo governo brasileiro. O pessoal da FPE acompanhava a aproximação dos índios isolados desde o dia 13 de junho. O sertanista José Carlos Meirelles, que atualmente trabalha na Assessoria Indígena do Governo do Acre, tem participado dos contatos.
O primeiro contato com os índios isolados, sem auxílio de intérprete, foi estabelecido pelo índio Fernando Kampa de forma pacífica. Os ashaninka da Aldeia Simpatia se aproximaram e os isolados gesticulavam pedindo a calça de um servidor da Funai, que se aproximou juntamente com os ashaninka apenas de cueca.
- Ao gesticularem pedindo comida, o indígena Fernando Kampa pediu que fossem apanhados dois cachos de banana e os deu aos índios, realizando assim o contato. No momento de entrega das bananas, também apareceu na margem contrária outro índio isolado que havia sido avistado na BAPE Xinane e também uma mulher com um saiote, possivelmente feito de envira, e com uma criança de aproximadamente cinco anos. A mulher entregou um jabuti ao indígena Fernando Kampa como forma de agradecimento ou troca pelas bananas – diz o relatório de campo da equipe da Funai.
Após o primeiro contato, de acordo o relatório, o indígena Fernando Kampa pediu que os ashaninka pegassem suas roupas para dar aos isolados e os chamou para o acompanhar até a aldeia Simpatia. “Mais uma vez não foi possível controlar os avanços dos ashaninka”. Segundo o relatório, as roupas estavam sujas, possivelmente com escarros, doenças sexualmente transmissíveis, que podem ter contaminado os isolados.
O fato é que o grupo de índios isolados contraiu gripe e se deslocou junto com a equipe da Funai para a base da FPE Xinane. O grupo foi convencido a permanecer na aldeia até que fosse encerrado o atendimento médico pela equipe mobilizada pelo geógrafo Carlos Travassos, da Coordenação-geral de Índios Isolados da Funai em Brasília.
Após a conclusão do tratamento, os indígenas retornaram para suas malocas, onde estão os demais integrantes de seu povo. De acordo com informações dos intérpretes que integram a equipe da Funai, os índios pertencem a um subgrupo do tronco linguístico pano.
A equipe da Funai encontrou uma pequena bolsa na qual os índios isolados carregavam cachimbo, camisas, caixa de fósforo peruano, embalagens de sabão peruano, uma carteira do Corinthians enrolada com pedaços de fios coloridos e com um pote contendo um líquido, provavelmente um anticoagulante que é aplicado na ponta das flechas. Havia também cartucho calibre 32, pólvora preta (marca Jacaré), uma espoleta, pacote vazio de sal (marca Caiçara), caucho (sernambi), três lâmpadas incandescentes, parafusos e porcas, que os isolados usam para carregar cartuchos da espingarda. O material foi todo devolvidos aos isolados.
Os índios isolados, que prometeram regressar com familiares no prazo de luas -mais ou menos no começo de setembro-, neste domingo (27) decidiram antecipar. Um grupo de oito isolados se estabeleceu na Aldeia Simpatia, incluindo uma criança.
O índio Zé Correia, da etnia jamináwa, chamado pela Funai como intérprete, contou que os índios isolados preferiram não se identificar porque temem ser alvos de novas correrias (matança organizada de índios) por parte de outros grupos indígenas isolados.
- Mas a situação mais grave envolve os narcotraficantes e madeireiros peruanos. A maioria desse grupo contatado é de jovens. A maioria dos velhos foi massacrada pelos brancos peruanos, que atiram e tocam fogo nas casas dos isolados. Eles disseram que muitos velhos morreram e chegaram enterrar até três pessoas numa cova só. Disseram que morreu tanta gente que não deram conta de enterrar todos e os corpos foram comidos pelos urubus. Nosso povo jamináwa compreende a língua dos isolados e nós vamos acompanhar. O governo brasileiro precisa fazer algo para defender esses povos. Eles disseram que existem outros cinco povos isolados na região e que são grupos bastante numerosos. Apesar das diferenças e dos conflitos que existem entre esses grupos, todos são perseguidos pelos brancos peruanos. Qualquer dia todos esses povos podem procurar o Brasil em busca de proteção. A Frente de Proteção Etnoambiental da Funai precisa de total apoio. Vai ser impossível se fazer algo apenas com as mãos e as unhas. Não podemos ser cúmplices de genocídios – apelou Correia.
A equipe da da Frente de Proteção Etnoambiental Envira Envira, entre os dias 17 e 30 de junho, produziu um relatório preliminar de campo denominado “Desenvolvimento das atividades Aldeia Simpatia”. Veja o que foi relatado sobre o que aconteceu na aldeia nos dias 29 e 30 de junho:
29/06/2014 – domingo
Durante todo o dia ocorreu a tradicional caiçumada dos Ashaninka e no final da tarde, por volta das 16:00, o téc. em enfermagem, Francimar Kaxinawa, retornou às pressas de seu banho no rio e informou a equipe da FUNAI (Marcelo Torres) que os isolados estavam gritando no barranco à margem oposta da praia da aldeia Simpatia.
Outras crianças Ashaninka também ouviram e chamaram rapidamente os adultos que estavam na caiçumada. Neste momento, os indígenas Ashaninka seguiram correndo pela praia até chegarem próximos aos isolados, liderados pelo indígena Fernando Kampa. Todos os Ashaninka aparentavam estar bêbados e bastante alterados.
Um dos indígenas da aldeia Simpatia, Gilberto Kampa, havia subido o rio pouco tempo antes para arrancar macaxeira e após ver os isolados ficou ilhado no roçado. Sua esposa veio até a aldeia chorando e pediu para que fossemos busca-lo. Além de Gilberto, estavam com ele 2 de seus filhos com idade entre 3 e 5 anos.
Os isolados gritavam e gesticulavam, onde foi possível ouvir nitidamente a palavra “camisa” e batendo na barriga como quisessem dizer que estavam com fome. No momento da aparição, estava presente apenas o servidor Marcelo Torres da FUNAI e sendo que Meirelles, Artur e Guilherme estavam mais abaixo no rio Envira pescando.
Não foi possível conter os Ashaninka para aproximação com o grupo isolado, que a princípio se apresentou com 4 índios, os mesmos avistados na BAPE Xinane. Seguiam portando 1 espingarda e os demais com arcos e flechas.
Os Kampas se aproximavam mais e os isolados gesticulavam pedindo a calça do servidor Marcelo Torres, que se aproximou juntamente com os Kampa sem a calça, apenas de cueca. Ao gesticularem pedindo comida, o indígena Fernando Kampa pediu que fossem apanhados dois cachos de banana e os deu aos índios, realizando assim o contato.
No momento de entrega das bananas, também apareceu na margem contrária outro índio isolado que havia sido avistado na BAPE Xinane e também 1 mulher com um saiote possivelmente feito de envira e com 1 criança de aproximadamente 5 anos. A mulher entregou um jabuti que foi entregue ao indígena Fernando Kampa como forma de agradecimento ou troca pelas bananas.
Após este contato, o indígena Fernando Kampa pediu que os Ashaninka pegassem suas roupas para dar aos isolados e os chamou para o acompanhar até a aldeia Simpatia, onde mais uma vez não foi possível controlar os avanços dos Ashaninka. As roupas dadas estavam sujas, possivelmente com escarros, DST’s, etc., que podem ter contaminado os isolados.
Na chegando a praia da aldeia Simpatia, também havia acabado de chegar os servidores Artur e Guilherme, juntamente com Meirelles. A equipe tentou conter os isolados e os Kampa que chegaram a ligar o motor do barco da FUNAI para buscar o indígena Gilberto Kampa no roçado, mas foi praticamente impossível até que Fernando Kampa foi contido após ríspida discussão com a equipe da FUNAI.
Chegaram a aldeia apenas 3 dos índios isolados e os demais permaneciam no barranco à margem contrária. O indígena Fernando Kampa pediu para sua esposa trouxesse caiçuma para os isolados e ao chegar na praia, o servidor Marcelo Torres orientou ao médico da equipe de saúde, Neuber, que chutasse a cuia impedindo que a bebida chegasse até os isolados.
Após este momento, os índios começaram a subir para a aldeia e saquear as casas dos Ashaninka que permaneciam passivos, bêbados, sem qualquer espécie de reação. Foi preciso que a equipe da FUNAI intervisse e impedisse que todas as casas fossem saqueadas. Meirelles precisou ser mais ríspido para que um dos isolados deixasse parte do que iria saquear no chão. Quando eram mostradas armas, os isolados se mostravam extremamente nervosos e agitados, gritando “Shara”.
Depois deste momento de saque, a equipe da FUNAI conseguiu conter um pouco os isolados e os acalmar, sendo possível ver os isolados arremedando animais da mata e também cantando. O servidor Guilherme tentou realizar o contato urgente com Brasília e Rio Branco e não obteve resposta.
A equipe seguiu conversando e tentando manter contato com os isolados para acalmá-los, mas em determinado momento, o grupo isolado ouviu um arremedo de nambu azul vindo da mata próxima ao Ig. Simpatia e se agitaram, gesticulando como se tivessem sido flechados.
Com o cair da noite tornou-se ainda mais difícil conter o grupo e novos saques foram realizados nas casas dos Ashaninka. Pouco tempo depois, chega a aldeia Simpatia pela mata o indígena Gilberto Kampa com seus filhos, assustado e informando que haviam outros índios escondidos na região do roçado.
Na tentativa dos servidores de conter os saques, os mesmos eram ameaçados com flechas. A equipe tentou fazer uma fogueira e sentar com os isolados, mas pouco depois o grupo de isolados desceu e saiu correndo pela praia no sentido do barranco onde estavam os demais índios.
Após o contato e a saída dos índios, as equipes da FUNAI e da Saúde realizaram escala de vigília durante a noite em caso de nova investida dos isolados. Durante o período da noite e madrugada, apesar da vigília, os isolados cortaram todas as cordas das ubás e afundaram uma das voadeiras da FUNAI com motor.
30/06/2014 – segunda-feira
Por volta das 7:00, os Ashaninka que tinham descido na praia do simpatia nos informaram que os índios isolados estavam descendo novamente rumo a aldeia, descemos na praia e montamos um esquema para impedir que eles subissem novamente para realizar saques. Uma equipe ficou na frente e outra com espingardas atrás. Orientamos que ninguém ficasse sozinho frente aos isolados, mantendo sempre um numero maior que eles. Eles utilizaram a ubá do Gilberto Kampa (tinha deixado no rocado) para atravessarem o rio.
Atravessaram o rio Envira e deixaram a ubá na praia localizada acima da aldeia. Estavam em 04 pessoas. Eles se deslocaram pelo rio até a praia.
Ao chegarem à praia da aldeia Simpatia já foram logo pedindo coisas, tipo camisas e panelas. Não foi fornecido. A equipe da FUNAI manteve um dialogo através de gestos calmo e tranquilo. Eles subiram o barranco, mas foram contidos antes de entrarem na aldeia. Qualquer investida era contida mostrando as armas, o que os deixavam bastantes nervosos. Meirelles tinha esse papel de impedir a entrada deles, quando tentavam entrar na aldeia ele gritava, assoprava e mostrava a arma.
Foi tentado realizar trocas com os isolados, do tipo mostrávamos um terçado e pedíamos uma flecha, mostrávamos artesanatos (eles demonstravam grande interesse) e pedíamos algum ornamento deles, mas nenhuma troca obteve sucesso.
Ao perceberem que não obteriam sucesso nos saques, pediram algo para comer, foi dada banana, macaxeira cozida, coco e carne assada, sendo que só comeram as bananas. Desconfiavam de tudo que dávamos para eles comerem. Eles abriram os cocos, tomaram um pouco da água e deram o restante para a equipe que ficou a frente na contensão.
Num certo momento o servidor Artur fez um cigarro de tabaco e acendeu em frente aos isolados, eles ficaram bem exaltados e pediram o tabaco e o isqueiro. O tabaco foi fornecido, eles pegaram, cheiraram e pediram para que Artur desse o cigarro feito. Artur forneceu o cigarro, eles deram algumas puxadas e guardaram para mais tarde. Artur tentou trocar o isqueiro por uma flecha, mas os isolados não quiseram.
Fernando Kampa apareceu num certo momento tirando algumas fotos bem de perto, ao bobiar por um minuto, estava mostrando o funcionamento do isqueiro, um isolado tirou a câmera do Fernando que estava no bolso e foi embora.
Ao perceberem que não obteriam sucesso nos produtos industrializados resolveram ir embora. O tempo de permanência foi de 1:30 h no barranco da aldeia Simpatia. Ao sair um indígena isolado espirrou, ao entrar no rio o mesmo deu uma tossida.
IVANA BENTES É necessário amansar os brancos
Documento de cultura, documento de barbárie é a primeira coisa que vem a cabeça vendo os relatos dos indigenistas e agentes que participaram dos contatos com os índios isolados do Acre.
A própria forma de percebê-los ganha materialidade nos confrontos com o Estado: avistamentos, vestígios, confrontos armados, mortes dos “isolados”, mortes dos moradores brancos, conflitos com narcotraficantes, etc.
O que acontece depois do contato? Muitos vão morrer pela simples proximidade e contágio com as gripes e doenças corriqueiras dos brancos. Como se preparar para o encontro, que estratégias, qual o melhor momento? É sintomático que os contatos se intensifiquem quando as terras indígenas são comprimidas, pelo desmatamento, pressão de madeireiros, mineradoras, prospecção de petróleo, tráfico de drogas, missionários.
Os índios isolados “fazem contato” numa situação critica, como disse o antropólogo Terri Aquino. Indios ”isolados” de quem? Não somos isolados, bravos, invisíveis, cercados, somos resistentes. Vocês não acham a gente, índio já está ali desde sempre, é como o jabuti na floresta, ninguém acha o jabuti, só encontra quando ele está passando disse o indígena jaminawá Zé Correia na sessão emocionante de apresentação das imagens inéditas do contato com os “índios isolados” mostradas pela Funai durante 66ª Reunião Anual da SBPC, no Acre.
Correia acompanhou os primeiros contatos da Funai na Aldeia Simpatia da Terra Indígena Kampa e Isolados do Alto Rio Envira, na região do Acre de fronteira do Brasil com o Peru. O depoimento continua dizendo: “Os Indios não são ‘isolados’ são livres e circulam porque não sabem dessas fronteiras que os brancos inventaram, não tem indígena do Peru, do Brasil, da Bolivia, nós somos o mesmo povo. Não queremos ser mandados, queremos ser parceiros da FUNAI para ajudar os parentes isolados.”
No vídeo apresentando vemos as imagens de garotos indígenas muito jovens no primeiro encontro, tenso e com um misto de celebração e desespero dos agentes do encontro: “papa não, não pode! No, no, no! Panela, não! Não, tem doença!” quando pegam uma muda de roupa. A aproximação pelo oferecimento de comida.
O interesse dos indígenas pelos terçados, machados e também gestos de impaciência com as reprimendas e ansiedade dos brancos. O Estado brasileiro (ou qualquer estado) está preparado?
A missão foi exitosa, diz Carlos Travassos, mas as condições precárias da Funai, a burocracia, a dificuldade em trabalhar em cooperação entre Brasil, Peru, Bolivia, os desafios da Pan Amazônia se impõem.
Numa infinita remediação de um campo e uma situação que precisa de atenção mais do que urgente e que sofre retrocessos constantes. “Só queremos viver” disse um dos indígenas.
Foi uma sessão emocionante com antropólogos, estudantes, agentes da Funai, e indígenas na SBPC em Rio Branco-Acre.
Ouvimos os relatos do antropólogo Terri Aquino, do indígena Jaminawá José Correia, do antropólogo de Porto Maldonado, no Peru, Alfredo Gárcia Altamirano, de Carlos Travasso, da Coordenação-geral de Indios Isolados da Funai e de outros indígenas da região.
Ivana Bentes é professora e pesquisadora da Escola de Comunicaçao da UFRJ
A Universidade Federal do Ceará aparece na 16ª posição entre as melhores universidades do País, de acordo com ranking doCenter for World University Rankings (CWUR), divulgado na última quarta-feira (30). O Centro apresenta uma relação de mil universidades de todo o mundo, na qual figuram 18 instituições brasileiras.
Entre as universidades do Nordeste, a UFC aparece na segunda posição, atrás apenas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Na lista mundial, a UFC ocupa a colocação de número 964 – entre as instituições brasileiras que estão na lista, a melhor colocada foi a Universidade de São Paulo (USP), que aparece na 131ª posição.
O coordenador de Avaliação Institucional da UFC, Prof. Wagner Andriola, destaca que a Universidade está "muito bem posicionada", sobretudo na avaliação dos cenários nacional e nordestino. "Isso acentua a qualidade de produção científica dos nossos pesquisadores, bem como a publicação dos nossos trabalhos em grande periódicos internacionais", frisa o coordenador.
Além disso, cita o Prof. Andriola, é de se comemorar o fato de a UFC, que em 2014 completa 60 anos, estar entre as mil universidades mais destacadas do mundo, junto com instituições centenárias. "Temos apenas 60 anos e já estamos entre as mil melhores do mundo. Isso não é pouca coisa", pontua.
O CWUR é uma instituição da Arábia Saudita que divulga o ranking das melhores universidades desde 2012. Nos anos anteriores, porém, a lista compreendia apenas as 100 instituições com as melhores colocações.
CRITÉRIOS – O ranking mede a qualidade da educação e formação dos alunos, assim como o prestígio dos professores e a qualidade de suas pesquisas. Do total da nota, 25% correspondem ao número relativo de pessoas formadas nas instituições e que ganharam prêmios internacionais importantes. Outros 25% se referem ao número de alunos formados que atualmente ocupam cargos de alto escalão em algumas das melhores empresas do mundo. Outro quarto da nota mede a qualidade dos docentes, de acordo com premiações e medalhas recebidas.
A lista completa das mil melhores universidades está disponível no site do CWUR.
Fonte: Prof. Wagner Andriola, da Coordenadoria de Avaliação Institucional da UFC – fone: 85 3366 7345
Com a 964ª posição, a Universidade Federal do Ceará (UFC) está presente no ranking que considera as mil melhores instituições de ensino superior do mundo. A classificação foi feita pelo Center for World University Rankings ou Centro de Rankings Universitários Mundiais (CWUR, na sigla em inglês), uma instituição da Arábia Saudita, e foi divulgada nesta quarta, 30.
O coordenador de Avaliação Institucional da UFC, Wagner Andriola, afirma que a classificação da universidade revela que os docentes têm se esmerado em gerar conhecimento de qualidade e relevância para a comunidade. Além disso, segundo ele, os alunos também têm se destacado em suas produções acadêmicas.
“Esse indicador vai captar algumas informações sobre a pesquisa científica e a geração de conhecimento científico. Ela avalia o alcance das pesquisas em revistas especializadas e publicações em periódicos de renome internacional”, afirma Andriola, acrescentando que a classificação deve abrir ainda mais as portas para que os alunos de graduação e pós-graduação participem de publicações cada vez mais conceituadas.
Para continuar o crescimento e reconhecimento da produção científica, a Universidade planeja, segundo Wagner Andriola, oferecer curso cujas aulas sejam todas dadas em língua inglesa.
O ranking do CWUR é divulgado desde 2012, mas, nos anos anteriores, a lista contava apenas com as 100 universidades com as melhores colocações. Na lista de mil universidades em 2014 estão, ainda, 18 universidades brasileiras. Entre elas, na melhor colocação está a Universidade de São Paulo, que ocupou a 131ª posição, a primeira colocada da América Latina.
Veja a colocação das universidades brasileiras no ranking:
131ª - Universidade de São Paulo (USP)
329ª - Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
437ª - Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
496ª - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
585ª - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
626ª - Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
683ª - Universidade Estadual Paulista (Unesp)
845ª - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
852ª - Universidade Federal Fluminense (UFF)
894ª - Universidade de Brasília (UnB)
898ª - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
919ª - Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
925ª - Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
Um gerador ecológico que produz energia em prédios foi criado por dois estudantes no interior do Ceará. A ideia surgiu em Juazeiro do Norte, a 535 quilômetros de Fortaleza. Gabriel Silva Siqueira e Wendell Martins, de apenas 18 anos, desenvolveram, sob a orientação do professor Ricardo Fonseca, um gerador de energia elétrica alimentado pela pressão exercida pela água em sistemas hidráulicos prediais.
Os dois são alunos do ensino médio integrado do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), preocupados em achar uma solução para empregar de forma inteligente, e consciente, a água bombeada nos prédios. A proposta é utilizar a pressão da água para movimentar uma pequena turbina instalada dentro da tubulação principal, essa turbina é usada como gerador elétrico, para produzir energia a fim de alimentar alguns pontos do prédio.
“A água que passa pela tubulação que vem do reservatório tem muita pressão. Então é utilizada uma válvula para que essa pressão seja reduzida. Em uma palestra, eu pensei: ‘por que não aproveitar essa força desperdiçada gerando energia?’Tivemos a ideia de substituir essa válvula por um gerador”, explica o estudante do curso de Edificações, Wendell Martins.
Foram dois anos de estudo e pesquisa para a produção do gerador ecológico. E o detalhe: tudo é feito de forma voluntária. Na experiência, a válvula é trocada por uma turbina com uma hélice. Os alunos usam um alternador de carro para funcionar como gerador, atuando em um prédio de 40 andares. “Antes, foram feitos testes em um lava a jato e, em seguida, em uma rede hidráulica de um prédio”, comenta o professor Ricardo Fonseca.
A proposta é utilizar a pressão da água para movimentar uma pequena turbina instalada dentro da tubulação principal, essa turbina é utilizada como gerador elétrico (FOTO: Arquivo pessoal/Ricardo Fonseca)
Com o experimento, pode-se recuperar, pelo menos, 50% da energia desperdiçada, diminuindo a conta de água e de energia. “Em outras palavras, eles fizeram uma micro usina hidrelétrica dentro de um prédio”, comemora o orientador. Os gastos com o gerador ecológico ainda não podem ser contabilizados, mas se estima algo em torno de R$ 200.“Existem edifícios muito maiores que precisariam de vários redutores de pressão. Ainda não temos um custo total, porque depende muito do tipo de prédio”.
O projeto dos jovens já rendeu premiações, inclusive na Feira Internacional Mostratec, realizada no Rio Grande do Sul. Mas os ganhos vão além dos prêmios nas feiras. Segundo Wendell, a criação do projeto e a participação em eventos geram uma nova visão de mundo. “Depois que comecei a fazer o projeto, vi que queria trabalhar na área de pesquisa. A gente vai para essas feiras, é como se estivesse indo para um mundo novo. É muito inspirador”, conclui.
Estão abertas até o dia 8 de agosto, as inscrições para Seleção aos Cursos de Inglês, Espanhol, Francês, Japonês, Italiano e Latim, do Núcleo de Línguas do Centro de Humanidades, no Campus Fátima, da Universidade Estadual do Ceará (Uece).
Os interessados deverão efetuar
matrícula na Secretaria do Núcleo (Av. Luciano Carneiro, 345 – Bairro de
Fátima), de segunda à sexta-feira, 8h às 12h e das 14h às 20h30
(sextas-feiras até as 18h).
O Núcleo de Línguas Estrangeiras da Uece é um projeto
de extensão ligado diretamente ao Curso de Letras. O objetivo de
proporcionar campo de estágio aos alunos das licenciaturas de línguas
inglesa, francesa e espanhola é alcançado plenamente através de cursos
de idiomas a baixo custo fornecido à comunidade.
O Exame de Seleção ocorrerá no dia 16 de
agosto, às 8h no Centro de Humanidades, no Campus de Fátima. Mais
informações pelos fones 3101.2027 e 31012030 ou pelo site.
O
assunto é sério, o projeto é impactante e as imagens são sensíveis,
tocantes e profundas. Um momento que deveria ser repleto de felicidade,
plenitude, respeito e renascimento junto ao filho, é permeado por marcas, não só no corpo, mas com feridas desrespeitosas que traumatizam mulheres pela vida toda.
Pode não ter acontecido com você nem com
alguém próximo, mas a triste realidade é que a violência obstétrica é
um fato no Brasil. Uma pesquisa feita pela Fundação Perseu Abramo mostra que 1 em cada 4 mulheres brasileiras sofre algum tipo de violência no atendimento ao parto.
Falta respeito desde o início, quando
nem um direito garantido em lei, como a presença de um acompanhante, é
respeitado. Falta liberdade para escolher onde e como dar à luz, na
privação de água e alimentação, na falta de um carinho no momento de
dor.
Muitas mulheres sofrem caladas essas e
outras violências e, com o objetivo de materializar a violência
obstétrica e provocar a reflexão sobre a condição de nascimento no país,
a fotógrafa Carla Raiter, junto com a produtora cultural Caroline Ferreira, criou o projeto 1:4: Retratos da Violência Obstétrica.
“O projeto fotográfico rompe o silêncio das mulheres que têm suas histórias retratadas em partes de seus corpos –
através de uma tatuagem temporária -, em uma linguagem que as trata de
forma serializada, anônima e sem considerar a individualidade, assim
como fazem os protocolos médicos nas maternidades públicas e privadas
brasileiras”.
Carla Raiter diz que o projeto surgiu de forma despretensiosa: “Eu
já trabalhava com fotografia de partos humanizados, já levantava a
bandeira da humanização. Um dia, a Caroline me mandou um e-mail – que
por pouco não se perdeu e nunca foi lido – me perguntando se eu nunca
tinha pensado em fazer algum trabalho sobre violência obstétrica.
Realmente caiu minha ficha de olhar para o outro lado, justamente para o
oposto: essas histórias horríveis de partos traumáticos, de
abuso, de violência verbal e física, de procedimentos desnecessários que
tiram a autonomia da mulher no momento que deveria ser o mais
empoderador de sua maternidade. Quando li o e-mail, foi uma epifania, passou um filme na minha cabeça com as imagens que eu queria fazer e que hoje produzimos”, lembra a fotógrafa.
Depois de lançado o projeto, Carla e
Caroline contam que não estavam preparadas para a avalanche de e-mails
com relatos de mulheres que queriam ser ouvidas, fotografadas, ou,
simplesmente, superar o que aconteceu em seus partos. “Muitas
histórias tristes, de dar nó na garganta, mesmo, de nos fazerem chorar
ao ler. E então a gente entendeu que aquilo era um caminho sem volta, e
que o projeto tinha um tamanho muito maior do que podíamos ter imaginado”, afirma Carla.
Sobre o futuro do projeto, Carla diz não
elas não têm verba nenhuma. Pelo contrário, arcam com vários gastos,
como por exemplo o alto custo do papel importado para fazer as tatuagens
temporárias. “Nossa intenção é expandir o ‘Projeto 1:4’, fotografar
no Brasil todo, fazer uma exposição, talvez transformá-lo em livro
porque a verdade é que temos muito mais que as fotos para mostrar”, planeja a fotógrafa.